Vitor Angelo
Houve boatos de que, em 1963, no teleteatro chamado Calúnia, teria acontecido o que seria o beijo lésbico entre as atrizes Geórgia Gomide e Vida Alves, mas não existe registro da cena.
São as cenas gravadas por Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre), personagens da novela Amor e Revolução, de Tiago Santiago, que mostram a primeira manifestação de afeto íntimo homossexual da televisão do Brasil.
O beijo entre elas foi quente, sexy, com pegada. Cenas insinuantes de pernas se esfregando deram um tom mais ousado à cena. Marcela, mais resolvida com a sua bissexualidade, sabe bem o que quer. Para Marina, tudo isso é uma grande novidade.
Depois do beijo, elas questionam o papel da mulher e da liberdade e independência que o sexo feminino pode conquistar em relação aos homens. A cena sozinha é uma síntese do título da trama. Há amor e revolução.
E tudo isso num dia em que houve um bate-boca entre a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que perturbou a entrevista da senadora Marta Suplicy (PT-SP) mostrando seus panfletos antigay no Congresso.
E quando, em Uganda, está quase aprovada a lei que prevê pena de morte aos homossexuais, a ficção revolucionou e poetizou a realidade com um belo e longo beijo.
Que venham mais.
* Publicado na Folha de S.Paulo, em 14/05/2011.
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