Às pessoas prefiro números:
retilíneos e exatos.
Às pessoas prefiro as idéias:
racionais, inteligíveis.
Às pessoas prefiro as artes:
criadoras, transcendentes.
Às pessoas prefiro máquinas:
azeitadas engrenagens.
Às pessoas prefiro as obras:
acabadas e inacabadas.
Às pessoas prefiro dados:
de jogar e a saber.
Todavia, às pessoas –
tão enviesadas, passionais, irracionais, cambaleantes, comezinhas,
tão sem-graças, tão mutáveis, tão instáveis, claudicantes, ordinárias e ridículas –
o que se pode preferir ?
Se as pessoas são os números?
Se vêm delas as idéias?
Se por elas artes há?
Belas obras, quem as fez ?
Quem as há de acabar ?
Máquina: quem a utilizará ?
Para quem rolarem dados ?
Sobre quem se quer saber ?
E eu, pessoa inexpressiva,
às demais desculpas peço:
não me vejam pelo mal,
pois se as via sem ter olhos,
vista em nada pessoal...
Eu, pessoa renascida,
às iguais exalto agora:
As pessoas são o centro,
Pleno intuito deste mundo.
De pessoas faz-se o mundo,
E às pessoas este torna.
Sob rosas, sob bombas,
Sob a paz e sob a guerra,
Efemérides, histórias
Agruras e alegrias;
Vida, em suma, arrimada em poesia.
Poesia de pessoas, poesia de Pessoa:
(De pessoas, suas várias numa só)
De Álvaro, de Alberto ou Ricardo... De Fernando, enfim;
Das que cá estão, das que já foram, de ti, de mim.
(Em construção desde fevereiro de 2002)
Nenhum comentário:
Postar um comentário