terça-feira, 6 de abril de 2010

Pensamentos de Metrô


Lotado, bosta! De novo. É a terceira vez nesta semana que esta merda está assim. O pior é que o funcionário não vai me dar uma passagem para voltar. Até já sei a desculpa: “não é problema técnico, mas de superlotação decorrente do horário de pico”. Puta que o pariu! E os palhaços aqui ainda têm que ficar escutando propaganda do filho da puta do governador: “o metrô melhorou”, “rapidez, conforto, comodidade”. Queria ver se aquele vagabundo colocaria a mãe dele para pegar metrô às seis e meia da tarde. Anda de helicóptero o salafrário.

Paciência, paciência. Lembre-se que estresse causa enfarte. Por mais que demore, dá tempo de estar em casa para ver o jogo. Tomo um banhão, abro uma cervejinha trincando de gelada e boa. Um pouco antes do jogo ainda peço uma pizza. Eu mereço.

O foda é essa lotação. E esse cara aí na frente, como fede! O desodorante deve ter vencido há umas duas horas. Pelo menos tem essa loirinha gostosa para ficar apreciando. Oh, lá em casa! Deve ser muito louca na cama essa mina. Mas também tem jeito de ser chata pra caralho. É do tipo que sabe que é gostosa e fica fazendo pose. O duro é que é gostosa mesmo.

Lá vem outro trem. Nesse eu ainda não entro, quem sabe no próximo. Bem que eu podia ter ido a pé. Não, pensando bem não seria uma boa. Tem um monte de maloqueirinho, nóias, bandidinhos nas ruas a esta hora. É isso aí: espera que a gente chega. Um dia chega. Paciência, paciência.

Porra, bem que o Corinthians podia ganhar hoje. O jogo de volta é no Pacaembu, lá a gente arrebenta. Nas bilheterias eu não consigo comprar ingresso nem fodendo. Será que compensa comprar de cambista? O filho da puta deve cobrar uns 500 paus se bobear.

Chegou. Esse empurra-empurra é foda, fica um encouchando o outro. Bem que a loirinha podia estar aqui na minha frente em vez desse cara fedorento. Oh, azar do cão que eu tenho! Chegando em casa vou tomar um puta banho.

“Calma aí, caralho! Vão acabar derrubando alguém nos trilhos!”

“Oh, cidadão! Não vê que tem criança e gente idosa aqui?!”

“Idosa é a puta que te pariu. Eu sou da melhor idade!”

Quá-quá-quá! Pelo menos a gente se diverte de vez em quando. A velhinha não gosta de ser chamada de idosa. “Idosa é a puta que te pariu”. Quá-quá-quá!

Pronto, entrei. Estou me sentindo uma sardinha em lata. Pela lotação e pelo futum desse porco aí. Ainda bem que só fico aqui por uns 20 minutos. Tá acabando, tá acabando. Paciência, pacieeeeeência! Governador filho da puta! Tomara que tome no cu bonito nas próximas eleições, esse merda. Imagine se em vez de ficar gastando esse rio de dinheiro em publicidade – pago por mim, inclusive –, esse vagabundo investisse no metrô... Mas, é claro: a mãe dele não anda de metrô!

“Não impeça o fechamento das portas.”

Puta merda! É foda! Será que o imbecil pensa que as pessoas impedem o fechamento das portas por sacanagem? Oh, anta: as portas não fecham porque as pessoas não estão cabendo aqui dentro. Jumento!

Porra, a gostosinha vai descer. Sabe ser gostosa, hein. Ainda bem que o fedorento foi lá para o outro lado. Será que é parente de gambá? Putz, será que tem cerveja na geladeira? Senão, preciso comprar. Ver jogo sem cerveja não dá. Queria umas seis latinhas: três para o primeiro tempo, três para o segundo.

Caralho, que calor! Nem o ar dessa merda funciona! E essa bicha, sentou no assento preferencial e faz de conta que não vê a senhorinha ali em pé. Quer dizer, a representante da melhor idade. Tinha que ser viado mesmo! Devia ter segurança do metrô para arrancar esses filhos da puta na paulada!

Ufa, está chegando! Quero ver eu sair daqui com essa multidão querendo entrar. “Calma, calma. Primeiro os de dentro saem, depois vocês entram”. Pronto, consegui. Acabou-se a saga do dia.

As chaves, as chaves... Ah, estão aqui. Que alívio!

“Oi, amor. Tudo bem? Como foi seu dia?”

“Tudo bem, morzinho, tudo bem. Quer dizer, o de sempre. Será que tem cerveja na geladeira?”

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